Projeto A Rua Ensina é alternativa para crianças de Uberlândia por Ariane Bocamino - Especial para o CORREIO Nenhum Comentário Matéria e fotos Correio Uberlândia Na periferia de Uberlândia há reclamações de moradores. Mas, em uma visita ao bairro Shopping Park, na zona sul da cidade, descobrimos um outro lado, mais colorido, no que se refere às casas e paredes, e alegre e consciente das pessoas que ali estão. Quando chegamos ao bairro, já avistamos as cores, espalhadas pelas paredes entre as curvas dos dizeres ou dos desenhos. Resistência em forma de arte, o grafite traz o seu recado e é um dos símbolos que caracterizam o lugar. Andando mais um pouco, encontramos a Estação Vida, uma Organização Não Governamental (ONG) que dá assistência às crianças com diversas atividades, como capoeira, aula de música, artesanato, entre outras. E em uma casa que, aparentemente, é igual às outras, vimos um movimento diferente, que parecia uma reunião ou um ponto de encontro. Crianças fazem dança de rua com Kakko, em uma das oficinas oferecidas no projeto A Rua Ensina, no bairro Shopping Park (Foto: Marcos Ribeiro)Crianças fazem dança de rua com Kakko, em uma das oficinas oferecidas no projeto A Rua Ensina, no bairro Shopping Park (Foto: Marcos Ribeiro) A movimentação vinha da garagem da casa de Cleiton Rocha dos Santos, mais conhecido com Kakko, idealizador do projeto A Rua Ensina, que começou em junho do ano passado. “Durante o período da Copa do Mundo, em 2014, comecei a fazer uns desenhos no chão das ruas, aqui, com temas nacionais e isso reuniu muitas crianças que demonstraram interesse pela arte”, disse Kakko, personagem da quarta edição da seção “De bairro em bairro”, que também é Mestre de Cerimônia (MC) do movimento hip hop e professor de dança de rua. As opções oferecidas para os participantes do projeto são as oficinas de dança de rua, grafite, rima e musicalidade e acontecem de terça-feira a domingo. “Como o próprio nome do projeto revela, eu gostaria que as oficinas acontecessem na rua mesmo, mas, com o maior número de crianças e o fluxo de carros, que também tem aumentado aqui no bairro, não deu certo. Tive que trazê-las (as crianças) para dentro. A garagem aqui é como coração de mãe, sempre cabe mais um” disse Kakko, que, além de líder do projeto é coordenador da Central Única das Favelas (Cufa) em Uberlândia.
Avaliação Aparecida Nunes Mesquita é diarista e mãe de três crianças que frequentam o projeto A Rua Ensina, no bairro Shopping Park, na zona sul de Uberlândia, que oferece oficinas de dança de rua, grafite, rima e musicalidade, de terça-feira a domingo. Ela afirma que este tipo de alternativa gera satisfação entre os pais dos participantes. “Este projeto foi uma das melhores coisas que já apareceu aqui no bairro. O Kakko (Cleiton Rocha dos Santos, idealizador do projeto) ensina, não somente a dançar, rimar, mas também a ter respeito com pai e mãe, tirar boas notas na escola e até a rezar. Aí, a gente fica tranquilo com os meninos estarem aqui”, afirmou Aparecida Mesquita. Durante o desenvolvimento das atividades, as crianças demonstram respeito e empatia pelo instrutor. Segundo Kakko, isso foi uma conquista adquirida com o tempo. “No começo, algumas crianças chegavam aqui e olhavam só para baixo, nem conseguiam olhar diretamente para gente, sabe? Mas isso foi melhorando. A gente tenta dar o exemplo de respeito e família, até porque meus filhos participam também, minha esposa ajuda. Então, um dos objetivos é ensinar a cultura da paz para eles”, disse. Além das oficinas, o projeto promove reunião com os pais das crianças participantes, brincadeiras, oferece lanches especiais e refrigerantes e doa às crianças roupas arrecadadas. Incentivo Além da dança de rua, rima e grafite, as crianças que frequentam o projeto A Rua Ensina, no bairro Shopping Park, na zona sul de Uberlândia, são incentivadas a compor. De acordo com as referências musicais de cada um, aliada às sugestões de Cleiton Rocha dos Santos, mais conhecido com Kakko, idealizador do projeto, os alunos misturam inspiração e rima para compor suas próprias letras. Aluno do projeto, Pedro Henrique da Costa, de 13 anos, apontou suas preferências musicais e do seu processo criativo. “Na minha casa, ouço mais rap e as letras me inspiram. Algo que vem de dentro do peito e, a partir daí, escrevo”, afirmou o estudante. O professor Kakko também faz rima com os alunos, sobre os assuntos mais variados. No dia desta reportagem, sugerimos que o tema da rima fosse o programa De Bairro em Bairro e, em poucos segundos, as palavras surgiram, as sílabas se combinaram e as rimas nasceram rápidas e criativas. “Pra rimar não precisa estar aqui, qualquer lugar é lugar de rimar. Vou rimando pra escola, pra casa, pra cá. É algo que eu não sei explicar”, disse Pedro Henrique, que pretende ser Mestre de Cerimônia (MC) do Movimento hip hop. Canal da Gente Exibição semanal dos programas no Canal da Gente (canal 15 da TV a cabo Algar Telecom), às 8h30, às segundas-feiras e reprises de terça a sexta-feira e aos domingos.9 de março de 2015
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